sexta-feira, 2 de março de 2012

Onde o Windows 8 ainda precisa melhorar


Desde quando a Microsoft lançou o Windows Vista em beta aberto, eu venho testando o Windows antes de ser lançado. O Vista em beta era pesado demais pro meu desktop em 2006, então eu o deixei de lado. O Windows 7 Beta ficou incrível no meu laptop em 2009, e logo virou meu OS padrão. Eis que, em 2012, chega o Windows 8 Consumer Preview. Ele é muito impressionante em tablets, mas ainda precisa de vários retoques para ficar bom em laptops e desktops.
O Windows 8 tem diversos pontos positivos, que deixamos claro aqui e aqui também – este é um contraponto, por isso o foco são os defeitos que encontramos no sistema.
O LaptopMag resume muito bem o grande problema do Windows 8 Consumer Preview: “A interface do Windows 8 leva o minimalismo ao extremo, escondendo opções que exigem muitos gestos para aparecer. Além disso, como você precisa usar três cantos da tela para navegar, à vezes dá trabalho usar o OS.”
No BetaNews, o Windows 8 “me deixou frustrado, tendo que dar o dobro de cliques e mover o mouse o triplo da distância do que era necessário em versões passadas – isso dificilmente aumenta a produtividade”.

O que vamos discutir abaixo sempre leva em consideração que esta é uma versão BETA do Windows, ou seja, não está pronta: tem seus bugs a serem corrigidos, e detalhes a serem melhorados. Mas ei, se ninguém apontar os defeitos, como vamos saber o que precisa melhorar?
or que os apps Metro precisam rodar em tela cheia, em vez de serem programas dentro do Desktop? Paul Thurrott explica os dois grandes motivos: isto consome menos bateria (os outros apps ficam suspensos, sem usar CPU) e deixa o sistema mais seguro. Os apps Metro ficam isolados de outros apps e do OS (o chamado “sandboxing”), e para isso funcionar direito, eles precisam rodar fora do Desktop – senão isso “abriria esses apps aos caprichos de 25 anos de código antigo, e a todos os problemas consequentes que vêm disso”, diz Thurrott. Faz sentido.
Mas por que esses apps precisam ser tão simples? Mesmo em versão beta, a funcionalidade é básica demais para um desktop. Um grande exemplo é o app Messaging (o MSN do Windows 8). Onde está a minha lista de amigos online? Não tem, ou eu não achei. O app ficou tão simples que “esqueceram” de acrescentar algo que é básico no desktop – e dá para arranjar diversos exemplos disso. E às vezes, a interface parece impossível de ser domada usando teclado e mouse – como no app People, basicamente uma lista gigante de pessoas. Os apps Music e Videos sofrem dos dois problemas: funcionalidade básica demais, e biblioteca difícil de gerenciar com teclado e mouse.
Estes programas ficam bem em uma tela de 10 polegadas, mas a Microsoft impede que certos netbooks rodem apps Metro: seu computador precisa ter no mínimo resolução 1024×768, enquanto vários netbooks têm resolução 1024×600 – tente rodar um app Metro neles, e você recebe uma mensagem de erro. E em monitores de 20″ ou 30″? Você realmente precisa rodar um app em tela cheia com tanto espaço disponível? E em múltiplos monitores? (Falamos sobre isso mais abaixo.) É muito espaço para pouco app – e as opções do app ainda ficam escondidas, você precisa clicar com o botão direito para acessá-las!
O Leo coloca isso bem: no fim das contas, o Metro é secundário no desktop. No tablet ele é revolucionário, mas com mouse ou trackpad – e com programas ainda não adaptados – o Metro vira só um bibelô. Algo diferente a mostrar para os amigos, mas pouco útil.
O Menu Iniciar recebeu uma melhora enorme no Windows XP e, principalmente no Vista/7. Até o Windows 2000, ele era um menu de pastas e subpastas que crescia sem controle. No XP, o menu Iniciar virou um acesso rápido aos programas mais usados, além de tornar redundantes os ícones Meu Computador, Locais de Rede e outros que antes poluíam a área de trabalho – foi tudo pro menu Iniciar, na barra direita. No Windows Vista e 7, o menu ganhou uma barra de pesquisa, para você digitar o nome do programa – em vez de caçá-lo em pastas e subpastas.
No Windows 8, a tela Iniciar ganhou as live tiles e outra estética, mas tarefas simples estão muito mais difíceis. Onde estão os programas mais usados? Não tem mais. Onde estão os links para Meu Computador, Painel de Controle e outros? Não tem mais. Onde está a caixa de texto pra encontrar meus apps? Você pode começar a digitar direto na tela Iniciar, mas isso está longe de ser óbvio e intuitivo para todos. E onde estão todos os programas?
Fiz um desafio para dois usuários experientes usando o Windows 8: tente encontrar a Calculadora usando apenas o mouse, sem usar o teclado em qualquer momento. Até o Windows 7, é simples: Iniciar > (Todos os) Programas > Acessórios > Calculadora. E no Windows 8? Eles não conseguiram achar só com o mouse. Um deles teve a ideia de abrir o Windows Explorer e ir clicando até chegar em C:\Windows\System32\calc.exe! Mas pela tela Iniciar, os dois não conseguiram. Como fazer? Iniciar > BOTÃO DIREITO > Todos os Aplicativos > cursor para a direita. Por que esconder uma função básica e bastante usada atrás de clique com botão direito, Microsoft? O botão direito ativa muita coisa no Windows 8, mas não deveria – já, já falamos mais disso.
Mas se é possível achar o programa com o teclado, realmente temos um problema? Sim, por dois motivos. Primeiro, usar teclado para acessar funções – principalmente se não forem óbvias – é para poucos. Um exemplo: 90% dos americanos que usam internet não conhecem o atalho Ctrl+F. (Isso em uma amostra de milhares de pessoas!) Segundo, a experiência com uma interfacegráfica precisa funcionar muito bem de forma visual, sem exigir o uso de comandos no teclado – ou mesmo o teclado em si.
Voltando à tela Iniciar, outro detalhe a consertar: novos apps recém-instalados ficam lá no fim da tela Iniciar, sem qualquer destaque. É capaz de você instalar um programa novo e esquecer dele, ou se perguntar onde ele foi parar. No Windows XP/Vista/7, novos programas ficam destacados no menu Iniciar.
Como resolver tudo isso? A tela Iniciar deveria ganhar uma seção automática “Mais Utilizados”, para não voltarmos ao tempo de caçar programas no menu. Ele também deveria dar destaque a apps recém-instalados: ou os traz para a frente, ou leva você até a tile do app novo quando você voltar à tela Iniciar. O menu também deveria ter um link direto para Todos os Apps, e de forma integrada: ao lado do texto “Iniciar”, coloque o texto “Todos os Apps” e os mostre abaixo em forma de lista, sem abrir outra tela como é feito hoje. Uma caixa de texto para pesquisar apps também seria uma boa – é mais intuitivo e óbvio que o charm Pesquisar.
Eu entendo que a Microsoft tenha retirado o link para Meu Computador e afins – para eles, já basta o link para o Windows Explorer que leva você às Bibliotecas e a seus arquivos. Não há porque levar um usuário inexperiente ao diretório raiz, e se você quiser acessar um dispositivo conectado – como um pendrive – o Windows abre o Explorer automaticamente. O jeito é fixar Meu Computador e as pastas manualmente na tela Iniciar.
Conclusão:
Nós gostamos do Windows 8, e ele é incrível em tablets. Ele era muito bom no Developer Preview e ficou ainda melhor no Consumer Preview. Mas no desktop? Por aqui, ele ainda não será o OS principal: a Microsoft tem muito trabalho pela frente se quiser realmente fornecer uma experiência “no-compromise”, sem concessões, como nos foi prometido desde setembro. Felizmente, a Microsoft é aberta a feedback, então quem sabe em alguns meses teremos um Windows 8 matador para desktops.




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